{"id":8180,"date":"2020-11-22T12:22:25","date_gmt":"2020-11-22T15:22:25","guid":{"rendered":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/?p=8180"},"modified":"2020-11-22T22:29:31","modified_gmt":"2020-11-23T01:29:31","slug":"por-que-celebramos-na-igreja-a-festa-de-cristo-rei","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/blog\/por-que-celebramos-na-igreja-a-festa-de-cristo-rei\/","title":{"rendered":"Por que celebramos, na igreja, a Festa de Cristo Rei?"},"content":{"rendered":"

A solenidade deste \u00faltimo domingo do ano lit\u00fargico da Igreja nos coloca frente \u00e0 realeza do Rei Jesus. Criada em 1925, pelo Papa Pio XI, essa festa lit\u00fargica pode parecer pretensiosa e triunfalista. Afinal, de que essa realeza se trata?<\/p>\n\n\n\n

Para superar a ambiguidade que permanece, precisamos ir al\u00e9m da vis\u00e3o do Apocalipse, cujo hino na segunda leitura canta que \u201cJesus \u00e9 o soberano de todos os reis da terra\u201d. Ora, reis e rainhas n\u00e3o servem de modelo para a representa\u00e7\u00e3o gloriosa de Jesus. Mesmo que seja para coloc\u00e1-Lo acima de todos os soberanos. Riquezas, pal\u00e1cios, criadagem e ex\u00e9rcitos n\u00e3o s\u00e3o elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por n\u00f3s. Jesus est\u00e1 na outra margem, Ele \u00e9 a ant\u00edtese da realeza da riqueza e do poder. N\u00e3o \u00e9 por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos lit\u00fargicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da Paix\u00e3o de Jesus para contemplar Sua realeza.<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/figure>\n\n\n\n

Quando Jesus foi rei?<\/h2>\n\n\n\n

Jesus foi Rei, durante Sua vida, em apenas dois momentos: ao entrar em Jerusal\u00e9m, como um Rei pobre, montado em um jumento emprestado, e ser humilhado na Paix\u00e3o, revestido com manto de \u201dp\u00farpura-goza\u00e7\u00e3o e capacete de espinhos\u201d; e, Rei, ao morrer despido, com o peito transpassado na cruz. Rei da paz e Rei do amor sem limite at\u00e9 a morte. A realeza de Jesus \u00e9 a realeza do Amor \u00c1gape de Deus por toda a humanidade e por toda a cria\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Essa festa \u00e9 a ocasi\u00e3o prop\u00edcia para podermos reconhecer, mais uma vez, que, na cruz de Jesus, o \u201dpoder dominador\u201d, o \u201dpoder opressor\u201d, criador de desigualdades e exclus\u00f5es, espalhador de sofrimento por todos os lados, est\u00e1 definitivamente derrotado. Isso se deu pelo seu modo de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz \u00e9 a vit\u00f3ria de Jesus sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de Sua Ressurrei\u00e7\u00e3o<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Deus \u00e9 o criador<\/h3>\n\n\n\n

Essa festa se torna, ent\u00e3o, reveladora de um tr\u00edplice fundamento para a nossa esperan\u00e7a de que as promessas de Deus ser\u00e3o cumpridas at\u00e9 o fim.<\/p>\n\n\n\n

O surgimento da mat\u00e9ria e sua evolu\u00e7\u00e3o, desde o big-bang \u2500 quando toda a energia do Universo se concentrava em um \u00fanico ponto menor do que o \u00e1tomo \u2500 s\u00e3o o primeiro fundamento de nossa esperan\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

Deus \u00e9 criador<\/a> respeitando as leis daquilo que criou. N\u00f3s nos damos conta de que a soberania d\u2019Ele vem se cumprindo num Universo em expans\u00e3o, uma vez que a evolu\u00e7\u00e3o da mat\u00e9ria atingiu seu ponto \u00f4mega ao dar \u00e0 luz  a Jesus de Nazar\u00e9, por meio de Maria, porque, n\u2019Ele est\u00e1 a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as gera\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

O segundo fundamento \u00e9 a pessoa de Jesus de Nazar\u00e9<\/a>. O sonho de uma humanidade humanizada \u2500 tornada aquilo que ela \u00e9 \u2500 vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho de Homem \u2500 figura antit\u00e9tica dos filhos de besta, filhos da trucul\u00eancia, dos povos pag\u00e3os que oprimiram Israel com seus ex\u00e9rcitos. O sonho tornou-se realidade em Jesus Cristo. Ele nos humaniza com a Sua divindade: nunca Deus esteve t\u00e3o perto de n\u00f3s, sendo um de n\u00f3s e sem privil\u00e9gios; mas tamb\u00e9m sem crimes nem pecados (cf. ep\u00edstola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade, t\u00e3o humano que \u00e9, que s\u00f3 pode vir de Deus e ser d\u2019Ele mesmo.<\/p>\n\n\n\n

O terceiro fundamento de nossa esperan\u00e7a \u00e9 a comunidade eclesial de f\u00e9, dos amigos e disc\u00edpulos de Jesus. Olhando essa grandeza, entendemos o sentido \u00faltimo de nosso batismo, pois, na realeza de Jesus, fomos batizados<\/a> para sermos reis e rainhas; no sacerd\u00f3cio de Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no profetismo de Jesus, para sermos profetas e profetizas, para viver segundo o imperativo da Palavra de Deus revelada em Seu Filho.<\/p>\n\n\n\n

A soberania dessa realeza consiste no servi\u00e7o da cultura da paz e da solidariedade, da compaix\u00e3o e da fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza \u00e9 o do exerc\u00edcio da autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.<\/p>\n\n\n\n

Os gestos de Jesus<\/h3>\n\n\n\n

No sacerd\u00f3cio de Jesus, nos unimos \u00e0 Sua miss\u00e3o de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de existir que nos conduz \u00e0 vida verdadeira; qual a religi\u00e3o que agrada a Deus. A esperan\u00e7a posta no sacerd\u00f3cio de Jesus, \u00e9 tamb\u00e9m, certeza de que a vida gasta por compaix\u00e3o e solidariedade \u00e9 a vida feliz e bem vivida.<\/p>\n\n\n\n

Nossa esperan\u00e7a \u00e9 prof\u00e9tica, pois a for\u00e7a da Palavra inaugura o futuro. \u201cApesar de voc\u00ea, amanh\u00e3 h\u00e1 de ser outro dia (\u2026)\u201d, cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta vencendo a for\u00e7a bruta. Vivendo o tempo presente no cora\u00e7\u00e3o da comunidade de f\u00e9, que \u00e9 a Igreja, sentimos que uma for\u00e7a maior se move em n\u00f3s, nos comove para abrir-nos em dire\u00e7\u00e3o ao futuro, pois nossa esperan\u00e7a n\u00e3o se funda somente em Deus, sentido radical do futuro ou, como diz o prov\u00e9rbio, que \u201co futuro a Deus pertence\u201d. Mas \u00e9 o Senhor mesmo a quem esperamos e quem nos espera no futuro. Isso que \u00e9 ter esperan\u00e7a: esperar Deus mesmo!<\/p>\n\n\n\n

A Festa de Cristo Rei<\/h3>\n\n\n\n

A festa de hoje, nos faz contemplar a exist\u00eancia do universo, t\u00e3o necess\u00e1ria para que surgisse o grande presente de Deus, oferecido para toda a cria\u00e7\u00e3o, que \u00e9 Jesus. Dessa forma, nossa esperan\u00e7a se sustenta tamb\u00e9m nos cantos dos bem-te-vis e sabi\u00e1s; nas rosas e margaridas; nas crian\u00e7as e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e nos vulc\u00f5es; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas gal\u00e1xias. Se existe tudo isso e n\u00e3o o nada, nossa esperan\u00e7a tem p\u00e9, cabe\u00e7a e cora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Assim, como S\u00e3o Paulo, vivemos na esperan\u00e7a, mas sabendo de seu tr\u00edplice fundamento: aquele da evolu\u00e7\u00e3o do universo, que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que \u00e9 Jesus, que, por n\u00f3s se doou na cruz, abrindo para n\u00f3s um modo de viver para Deus e para os outros, o que \u00e9 verdadeira salva\u00e7\u00e3o; e aquele que \u00e9 a Igreja, a nossa comunidade de f\u00e9, que nos lan\u00e7a e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de Seu Filho, por quem recebemos a vida e a plenitude da gra\u00e7a de Deus.<\/p>\n\n\n\n

Da Can\u00e7\u00e3o Nova<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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