A Igreja, m\u00e3e e mestra<\/em> dos homens, tem o dever de ensinar-lhes o caminho da santidade. Por isso, ela possui toda uma pedagogia, com m\u00e9todos e programas de ensino, que movem o cora\u00e7\u00e3o do homem na dire\u00e7\u00e3o do C\u00e9u.<\/p>\n\n\n\n
A Quaresma<\/em> faz parte dessa pedagogia como um tempo especial dedicado a um combate mais denso contra as nossas tend\u00eancias pecaminosas. N\u00e3o se trata, portanto, de um per\u00edodo em que a Igreja simplesmente se veste de roxo, mas de um kair\u00f3s<\/em>, ou seja, um tempo oportuno para nossa convers\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Para viver bem esse per\u00edodo, o homem deve conhecer o seu fundo mau e reconhecer-se necessitado da gra\u00e7a divina. O tempo da Quaresma \u00e9 esse tempo em que o homem passa quarenta dias meditando sobre a Paix\u00e3o de Nosso Senhor<\/strong>, a fim de afastar-se do homem velho e, na P\u00e1scoa, ressurgir como um homem novo. Afinal, o que a Igreja deseja n\u00e3o \u00e9 somente a nossa liberta\u00e7\u00e3o do pecado, mas a nossa santifica\u00e7\u00e3o e configura\u00e7\u00e3o a Cristo; ela quer, portanto, a nossa convers\u00e3o mais profunda \u2014 uma esp\u00e9cie de segunda decolagem, por assim dizer \u2014, que retira o crist\u00e3o da l\u00f3gica do mundanismo.<\/p>\n\n\n\n
Na Quaresma, a Igreja nos exorta a praticar a esmola, o jejum e, sobretudo, a ora\u00e7\u00e3o, como descrito no Serm\u00e3o da Montanha (cf. Mt<\/em> 6). Essas tr\u00eas pr\u00e1ticas servem para \u201cmatar\u201d o homem velho dentro de n\u00f3s e abrir o nosso cora\u00e7\u00e3o \u00e0 gra\u00e7a santificante<\/em>. Elas desligam o motor do pecado \u2014 isto \u00e9, aquilo que S\u00e3o Jo\u00e3o chama de concupisc\u00eancia da carne, concupisc\u00eancia dos olhos<\/em> e soberba da vida<\/em> (cf. 1Jo<\/em> 2, 16) \u2014 e disp\u00f5em as nossas almas a serem movidas pelo amor de Deus. O jejum mortifica a concupisc\u00eancia da carne, a esmola mortifica a concupisc\u00eancia dos olhos e a ora\u00e7\u00e3o mortifica a soberba da vida.<\/p>\n\n\n\n
Tudo que h\u00e1 no mundo \u00e9 a concupisc\u00eancia da carne<\/em><\/strong>. <\/em>Essa carne de que fala S\u00e3o Jo\u00e3o n\u00e3o \u00e9 bem o nosso corpo, mas aquela inclina\u00e7\u00e3o da alma a querer os prazeres il\u00edcitos da criatura. A alma humana, quando dominada pelo pecado, vive uma desordem.<\/strong> Ela deixa de governar a vida do homem para submeter-se \u00e0s paix\u00f5es carnais. Por isso ela recebe o nome de \u201ccarne\u201d.<\/p>\n\n\n\n
O jejum serve justamente para moderar essa fuga da dor e busca pelo prazer, ordenando o nosso esp\u00edrito, de modo que a alma domine sobre as paix\u00f5es e n\u00e3o o contr\u00e1rio. Assim, privar-se de coisas agrad\u00e1veis como doces, refrigerantes e o consumo de carne (brancas e vermelhas, aten\u00e7\u00e3o) \u00e9 algo bastante recomend\u00e1vel.<\/p>\n\n\n\n
A concupisc\u00eancia dos olhos.<\/em><\/strong> O homem \u00e9 a \u00fanica criatura de Deus que possui uma sede de conhecimento, esse desejo que move o nosso olhar para tudo que seja \u201cbelo\u201d e \u201cinteressante\u201d \u00e0s vistas. Por exemplo, nenhum outro animal \u00e9 capaz de passar o dia inteiro no Facebook, ou mudando de canal, ou passeando no shopping sem comprar nada, como faz o ser humano.<\/p>\n\n\n\n
O homem nasceu para conhecer a verdade. Por\u00e9m, o pecado original causou uma desordem no seu interesse pelas coisas, de modo que as pessoas se perdem na curiosidade mals\u00e3.<\/strong> Da\u00ed a necessidade da esmola como exerc\u00edcio de desapego e abnega\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
A soberba da vida<\/em>.<\/strong> O pecado original maculou o ser humano com o v\u00edcio diab\u00f3lico do orgulho, essa atitude de achar-se suficiente e dizer \u201ceu me basto\u201d. Na hist\u00f3ria da Igreja, esse v\u00edcio se espalhou por heresias como o pelagianismo e o semipelagianismo, que pregavam a ideia de uma santifica\u00e7\u00e3o sem a necessidade da gra\u00e7a de Deus, mas apenas por m\u00e9ritos humanos.<\/p>\n\n\n\n
O m\u00e9todo mais eficaz para combater o orgulho \u00e9 a ora\u00e7\u00e3o. Colocando-se de joelhos diante de Deus, o homem reconhece a sua debilidade e incapacidade para todo bem, qual um mendigo na soleira da porta de Deus.<\/strong> Isso abre o nosso cora\u00e7\u00e3o para o dom da caridade, para a verdadeira esperan\u00e7a, que reside apenas em Deus, pois Ele \u00e9 que vai nos capacitar a amar e santificar os nossos irm\u00e3os. De resto, o homem desespera-se de si mesmo para esperar apenas na provid\u00eancia divina.<\/p>\n\n\n\n
Uma pr\u00e1tica bastante recomend\u00e1vel para o tempo da Quaresma \u00e9 a participa\u00e7\u00e3o di\u00e1ria \u00e0 Santa Missa, com Comunh\u00f5es bem feitas, e a frequ\u00eancia \u00e0 Confiss\u00e3o. Nessa din\u00e2mica, a nossa alma vai se identificando mais depressa \u00e0 vontade do Divino Mestre, que toca o nosso corpo e a nossa alma por meio dos sacramentos<\/strong>. Com essa for\u00e7a, tornamo-nos mais resistentes \u00e0s tenta\u00e7\u00f5es, \u00e0s concupisc\u00eancias da carne e dos olhos e \u00e0 soberba da vida.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o podemos nos esquecer ainda que o tempo da Quaresma \u00e9 tamb\u00e9m o tempo de Nossa Senhora, a mulher do Apocalipse que se retirou para o deserto, a fim de vencer o drag\u00e3o, a serpente maligna que pretendia devorar seu Filho. Pe\u00e7amos, pois, o aux\u00edlio da M\u00e3e Divina e vivamos esses quarenta dias na expectativa de novos c\u00e9us e nova terra, no dia da ressurrei\u00e7\u00e3o<\/strong>.<\/p>\n\n\n\n
Da Equipe Christo Nihil Praeponere<\/p>\n\n\n\n
Equipe de Reda\u00e7\u00e3o | Movimento CJC<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Quando o mundo desperta no dia seguinte ao Carnaval, \u00e9 Quarta-feira de Cinzas. Para os mundanos e pag\u00e3os, trata-se de mais um dia como qualquer outro. Para n\u00f3s, cat\u00f3licos, por\u00e9m, inicia-se um tempo forte de ora\u00e7\u00e3o e penit\u00eancia: o tempo da Quaresma.<\/p>","protected":false},"author":14,"featured_media":8453,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1,94,136],"tags":[345,344],"class_list":["post-8452","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-blog","category-espiritualidade","category-quaresma","tag-pascoa","tag-quaresma"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8452","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/14"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=8452"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8452\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/8453"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=8452"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=8452"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/movimentocjc.org.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=8452"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}